segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

O meu 25 de Abril (....50 anos depois!)

 

O MEU 25 DE ABRIL DE 1974

(texto do nosso Colega António Adjuto, o qual surge na foto inicial, com a sua Super-8 na mão, 
em cima de uma árvore no largo do Carmo, em 25-4-1974)


As comemorações dos cinquenta anos da “Revolução dos Cravos” trouxeram-me à memória a manhã daquela quinta-feira na qual, ao acordar e depois de ligar o rádio comecei a ouvir marchas militares.
 (...) E eu, rapaz de pouco mais de 20 anos, solteiro, a viver num quarto de uma casa particular, saltei da cama, vesti-me e comi à pressa, agarrei na minha máquina de filmar super-8 e, no velhinho Fiat 850 coupé, saí de Campo de Ourique em direção ao Largo do Rato onde um sujeito, que vinha do lado da rua da Escola Politécnica, à minha pergunta se tinha visto por aí tropas, me respondeu que havia militares ali para os lados do Camões. Para lá me dirigi.
Deixei o carro em São Pedro de Alcântara e a pé, de máquina de filmar na mão, desci a rua da Misericórdia e encontrei os primeiros militares na esquina do teatro da Trindade aonde filmei um oficial, junto a um jipe, falando via rádio com alguém ...que mais tarde vim a saber ser o major Otelo Saraiva de Carvalho, fazendo o ponta da situação. Continuei filmando até ao largo do Camões aonde se encontravam carros de combate virados para a rua do Loreto e para uns militares da GNR que tinham vindo do seu quartel na calçada do Combro, com espingardas, tentar fazer frente aos revoltosos.
Dirigi-me de seguida na direção do largo do Carmo e, na rua da Trindade, deparei-me com uma barreira de militares que, rodeados de populares não deixavam avançar ninguém. 
Cheguei-me mais perto deles, levantei a máquina de filmar e, talvez pensando que eu era jornalista, deixaram-me passar. Cheguei ao largo do Carmo onde estavam apenas os militares comandados pelo capitão Salgueiro Maia com os respetivos carros de combate virados para o quartel do Carmo. Todo contente premi o botão para recomeçar a filmar e, azar meu, a máquina recusou-se. Tinha acabado a cassete! Estas cassetes, marca Kodak, que custavam à volta de 1.500 escudos, cerca de metade do meu ordenado mensal da altura, permitiam apenas 3 minutos e meio de filmagem e tinham que ser depois enviadas para Espanha ou para a Alemanha a fim de serem reveladas, porque em Portugal não havia ainda laboratórios para isso.  
Naquele momento fiquei com um dilema, ou ficava ali a apreciar o desenvolvimento dos acontecimentos ou ia a casa buscar outra cassete que lá tinha e que, pelas pressas com que saí de manhã, me esqueci de trazer. Optei por esta última hipótese que, embora perdendo o desenvolvimento de alguns acontecimentos, ficaria com um documento para a posteridade daquilo que pudesse filmar depois. 
(continua...)

(leia o texto integral clicando no LINK abaixo)

Texto completo "O meu 25 de Abril de 1974..." _ (pelo nosso Colega António Adjuto) _ 


(abaixo, alguns fotogramas retirados dos filmes realizados naquele dia)











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